Acordamos com o dono da casa nos oferecendo um café preto e para avisar que teríamos que passar a coisas para fora porque ele e a esposa trabalham fora e tinha que fechar a casa.
Procurei uma oficina de moto na vila, indicada pelo meu anfitrião, onde lubrifiquei e ajustei o cabo da embreagem na tentativa de fazer a primeira engatar.
Saí da oficina engatando beleza, mas logo o problema voltou a ocorrer bem pior. As vezes não engatava nem desligando a moto. Mas deu para eu chegar até Santa Marta que é uma cidade de uns 200 mil habitantes. Parei numa oficinazinha tão sem vergonha que minha esposa até me recriminou. O cara conserta as motos na rua. Então disse para ele o problema e ele deu uma mexida na pedaleira e me mostrou a causa. O navio tinha entortado a pedaleira e uma pequena saliência impedia o pedal alcançar à primeira marcha. De vez em quando meu pé mudava a posição da pedaleira e a primeira engatava. De forma que ele deu uma regulada na altura do petal de cambio e apertou a pedaleira e a Celestina parecia chupar o engate. Felizmente.
Perdemos algum tempo com esses mecânicos e mais uma vez tivemos que rodar a noite. Antes de escurecer parei na beira da estrada para a Edivania mijar e quando íamos montar parou ao nosso lado uma moto com dois ocupantes. Ele parou de forma meio que bloqueando minha saída e estava visivelmente drogado ou bêbado falando coisas que não entendíamos. Gritei para a Edivania subir, dei partida na moto e arranquei. Joguei mais para a direita possível, mas mesmo assim minha mala lateral ainda pegou no pneu dianteiro dele. Nunca usei uma primeira tão acelerada como naquele momento. A moto dele era pequena e ele me alcançou rápido mas na medida que eu injetava combustível e aumentava as marchas ele ficava para trás. Ele também estava muito bêbado.
Passamos um susto bem grande. A noite nos pegou sem chegar em alguma vila. Quando chegamos na localidade de Maicao determinei que a Edivania fosse olhando um local para dormirmos. Já terminando a cidade ela viu uma cobertura do lado de uma casa e mandou eu parar. Fomos até a casa de moto, porque a Celestina aparenta muito mais confiança do que nós dois juntos. A moça que nos atendeu sem abrir a porta permitiu que acampássemos e logo fechou a porta novamente. Quando já estávamos montando a barraca aparecem duas moças e um senhor que era o pai delas. Depois aparece o namorado de uma. Daí para frente tivemos que dispensar eles para podermos trabalhar.
Ofereceram banho e um misto quente com Coca-cola para comermos antes de dormir. Depois o dono da casa me colocou no celular para falar com o irmão dele que mora em Ipatinga em Minas Gerais no Brasil. Eu dispensava meu interlocutor rapidamente com medo do preço da ligação, mas logo ele me voltou o telefone para continuar a conversação. No dia seguinte nos serviram ovo, queijo, panqueca, leite e café.
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