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domingo, 16 de outubro de 2011

14/10/2011 - Sexta-feira - 175o dia - Belize


Dedico ester Post aos funcionários da Complem. Trata-se de uma equipe que enriquece Morrinhos onde tenho diversos amigos.

A passagem por Belize foi rápida, porém o suficiente para conhecer o País. Passamos pelas três principais cidades sendo Belize City a maior; com uns 100 mil habitantes. Esta cidade foi construída num solo ao nível do mar e entre a foz de dois rios. Passamos justamente no ápice do período chuvoso e a inundação estava para todo lado. Muitas casas ilhadas. O centro da cidade parece uma grande favela composta por casas de madeira; uma grudada na outra com ruas estreitas e sem passeio. Demorei a acreditar que aquele lugar era o Centro da Cidade. Procurei banheiro em dois lugares e estavam interditados porque não davam descarga. Tive que mijar no muro, ao lado do posto, com as pessoas passando na rua.

O ponto mais pitoresco de Belize City, foi o cemitério. A rodovia que vai rumo à capital do país passa bem no meio dele. Num local a estrada, por alguns metros vira pista dupla e os túmulos servem de ilha. Nunca vi coisa igual. E olha que sou bem observador de cemitério. Os mais bonitos, que são inclusive atraições turísticas, ficam no Chile. Já vi túmulos coberto de areia no deserto da Bolívia e já vi cemitério em cima de colina que o morto só chegaria de helicóptero. Mas esse de Belize foi o mais interessante. Além de ser muito grande. Acho que essa tendência de observar cemitérios, deve-se ao adiantado da minha idade.

Na entrada de Belize City vimos um supermercado mediano, mas arrisquei chegar ao centro para encontrar um maior. Porem, depois de diversas informações só achei armazém de secos e molhados. Então partimos rumo à capital. Na metade da estrada a fome apertou e comemos o primeiro arroz com feijão da viagem. A “quentinha” deles daqui é fria. E o conteúdo é aquele mexido que minha mãe fazia à tarde utilizando o resto de arroz e feijão preto. Na quentinha vem esse arroz, maionese e frango ao molho. Estava bem gostoso.


A capital, Belmont, é uma cidade mais nova, que também foi difícil acreditar que estávamos no centro. Segundo o frentista de um posto, a cidade tem 50 mil habitantes, mas acho que ele super estimou. Penso que o estado mais pobre do Brasil tem um PIB e uma renda per-capta maior que a Naçao Belizense. O país tem pouca terra produtiva , poucas atrações turísticas e não vi nenhuma industria.Segundo o homem simples que vende comida na beira da estrada, a maior renda do país vem da pesca.

Para sairmos de Belize tivemos que pagar U$ 15 para cada um.

A entrada na Guatemala tive pagar U$ 23 de seguro parta a Celestina e U$ 5 para cada um, além de U$ 2 para fumegar a moto.

Até não me importo de pagar o que é exigido legalmente em cada país, mas fico puto nesses países pequenos e pobres são com as pessoas que ficam a espreita de incautos para tirar vantagem. Saí da aduana para tirar cópia dos documentos para dar entrada na moto e fui abordado por um motorista de taxi, dizendo que eu teria que contratá-lo porque a xerox, naquela, hora ficava a mais de um km. Logo veio outro taxista dizendo a mesma coisa. Não dei atençao para eles e atravessei uma ponte de menos de 100 metros e tirei as cópias.

Quando saímos da aduana já era mais de 18 hs e o tempo estava escuro pela chuva que ameaçava. Mas naquela pequena cidade da divisa não era seguro dormir. Pegamos a estrada e as casas sumiram. Apesar do escuro, e da chuva que já caia forte, a estrada era muito boa e eu ia pilotando até encontrar um local para dormirmos. Logo o asfalto acabou de uma vez e eu mi a 80 km/h saltando dentro dos buracos cobertos por água. Quase caímos. Na primeira casa que apareceu, pedimos pouso.

A família que nos deu pouso me remeteu mentalmente para o tempo que eu era criança e morava na roça. Aqui, apesar de terem energia, televisão por assinatura, celular e geladeira, coisas que não tínhamos, eles tomam banho de “cuia”. Ou seja, a gente entra num cercadinho, com água no balde e se banha atirando água no seu corpo. Lembrei da pobreza da minha infância. Lembro-me direitinho quando meu pai chegou da cidade com um balde que tinha um chuveiro em baixo onde se colocava água quente e a gente abria e fechava a hora que queria. Para nós crianças foi uma maravilha.

A evolução humana foi muito lenta ao longo dos séculos passados. Gastou-se milhões de anos para descobrir a roda, depois milhares para dar-lhe utilidade e outras centenas para inventar a carretilha e alguns para descobrir que nela poderia pendurar um balde para tomar banho. Aqui, nessa família vive ainda aquele tempo. Uma garota na faixa dos 14 anos não estuda e nunca viu falar de New York, Miami ou Rio de Janeiro.

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