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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

21/08/2011 - domingo - 121o. dias








Dedico este Post ao meu ex-colega de Trabalho e amigo Luizmar Mendes da Costa e sua esposa Lila. Foram muitos anos de trabalho juntos e uma amizade duradora.



Ontem deu trabalho para sair de Saskatoon. No Canadá, Saskatoon foi a cidade em que a Celestina fez mais sucesso. As pessoas passavam na rua e paravam para admirá-la; alguns atravessavam a rua e outros entrava no Starbucks para nos procurarem, como fez o jornalista. Depois que saimos do café e começamos a nos preparar para sair, novas abordagens e fotos.

De onde estávamos sentado no café, dava para ver a Celestina na rua; estava bem perto do vidro e por isso víamos todos os movimentos, inclusive do guarda de trânsito multando os carros que não pagaram o estacionamento. Para a Celestina ele só deu um a olhada e segui para frente; meu coração palpitou, tendo em vista que também não tinha pago.

Do vidro vimos uma cena que me emocionou muito. A companheira de um homem cego, ambos na minha faixa de idade, parou em frente a Celestina e a mulher parecia descrever a moto para ele. Ambos riam. Ela carinhosamente, pegou a mão dele e colocou em cima da bagagem da moto. Posteriormente ele largou a mão da acompanhante e começou a palpar a moto de forma que ia circulando-a e tocando inclusive no pneu, como se avaliasse o tamanho da moto pela grossura do pneu,

Essa cena me fez lembrar de um filme que meu amigo Rui Leite diz ter visto na internet. Trata-se de um cego que chega na concessionária de motos, passa a mão em diversas e depois mostra ele pagando e pegando a chave da máquina. O filme cria um certo suspense de como ele iria pilotá-la. Na sequência o filme começa fazendo uma tomada do seu rosto tomando vento, depois a câmara vai abrindo e mostra as roupas voando; posteriormente ele em cima da moto e a paisagem correndo do outro lado. O filme é finalizado mostrando a moto em cima de um caminhão e ele sentado em condição de pilotagem. Moral da história: não é por causa das suas deficiências que você vai deixar de se sentir feliz.

Esse acontecimento, do deficiente visual apalpando minha moto, fez-me viajar o resto do dia meditando sobre a condição humana. Como pode, né? Conheço pessoas ricas, sadias, bonitas e sem deficiências e são depressivas. Talvez, nunca tenham sentido a felicidade que aquele homem teve de “enxergar” a Celestina através do tato. Essas pessoas esperam a vida toda por um grande acontecimento e não curtem os pequenos e singulares momentos da vida.

Existem pessoas que tem vergonha de ser careca e depois tem vergonha de usar peruca; tem gente que tem vergonha de possuir um carro velho, mas depois tem vergonha do banco tomando o carro novo; tem gente que morre de vontade de dançar ou conquistar uma pessoa, mas tem vergonha de dar o primeiro passo. Aquele homem, não! Ele não teve vergonha de se expor apalpando uma moto. Pelo contrário, estava bem feliz.

Sua companheira, provalvemente esposa, me deu outra lição de vida. O carinho que ela aparentava naquele momento era impressionante. Ela não apresentava preocupação nenhuma com o resto mundo. Naquele momento o mais importante era a felicidade daquele homem. Quantos cônjuges são recreminados pelo outro por fazer uma infantilidade. São nas infantilidades que encontramos a felicidade. Essa censura, muitas vezes motivada, por ciume, é que vai minando o relacionamento vagarosamente. A corrosão provocada pelo sal, no ferro é danosa mas é perceptivel, entretanto a corrosão do amor é imperceptível.

Envolto com esses pensamentos, acordei com a Edivânia batendo nas minhas costas dando sinal que era hora de procurarmos local para dormir.Logo em seguida apareceu a entrada de uma pequena cidade e eu dei seta. Temos um macete para encontrar as “vítimas” dos nossos acampamentos. O primeiro critério é a casa possuir um trail estacionado ao lado. Esta é a senha de gente que gosta de aventura e já precisou da ajuda de alguém. O segundo é possuir um gramado discreto onde não ficamos muito expostos. Seguindo este critério escolhemos a “vitima” e lá fui eu bater na porta. Para resumir, não só acampamos como ganhamos um super banho e um café da manhã.

O casal aparece numa foto e os nomes deles são Conrad e Joyce Opdeahl, que moram na pequena cidade de Hanley, no Canadá e próximo de Saskatoon

4 comentários:

  1. Cara! voce é incrive, sem comentarios. Estou saindo dia 1/9 para uma viagem de 40 dias e vou usar esse seu "macete" para escolher as minhas "vítimas"
    Um motoabraço
    Valter

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  2. Grande Godois,
    Sempre fico emocionado com sua narrativa.Concordo com tdo que vc escreveu.abç, continuamos juntos nessa maravilhosa aventura.
    Rui Leite e galera.

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  3. We are the "victims" and are so thankful you stopped at our home!! What a wonderful experience and we will continue to watch/read about your adventures across Canada, U.S.A and home to Brazil. God Bless, keep safe!!
    J/C

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  4. REalmente sua observacao a respeito deste senhor deficiente fisico, eles tem uma sensibilidade sensorial muito agucada, temos que agradecer por termos tudo, eu so agradeco ao Pai por ele ter me proporcionado tudo de bom.
    Parabens pelo teu comentario.
    Uma boa viagem pra vc e a sua companheira.
    Que Deus abencoe voces.
    Abracao.
    Luiz CArlos

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