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sábado, 6 de agosto de 2011

01/08/2011 - Segunda-feira - 101o. dia















Dedico este Post ao Mandril, locutor de rádio em Goiatuba e conteporâneo de farras em Goiatuba. Ele é um negro simpático que curte a si mesmo e a vida. É motociclista e tem perfil dos habitantes de Los Angelis. Lá tem muitos negros com roupas e cabelos iguais aos seus.

Hoje cruzei a linha Artic Circle, conforme placa na foto. O circulo Polar Ártico é uma linha imaginária que antecede o Polo Norte em 20o. Encontrei vários pilotos pelo caminho que tinha como objetivo esse local. O ponto tornou-se marco para os motociclistas do mundo inteiro. São poucos pontos em que o Artic Circle pode ser ultrapassado por uma moto. Um é este ao qual cruzei. Outro no noroeste do Canadá e, ainda, na Noruega. Com motos de trilhas devidamente reforçadas é possível cruzá-lo na Sibéria.
Pelos relatos de outros motociclistas na internet, as dificuldades entre Fairbanks e Coldfoot eram enormes. Entre o início do planejamento da viagem até as 20 horas de hoje sofri muito por antecedência. Na realidade dos 416 km rodados apenas uns 100 não são asfaltados. A estrada não pavimentada é melhor que as da Bolívia entre o Brasil e Santa Cruz de La Sierra e muitas vezes melhor do que a Ruta 40 na Argentina. Tá certo que a Dalton Highway, esta, é mais perigosa porque permite uma velocidade maior e de repente o piso acaba e somos obrigados a reduzir rapidamente as marchas, porque frear, nem pensar. Para piorar aqui chove o dia todo, seja para uma banda ou para outra, de forma que sem mais nem menos aparece rastro de uma chuva invisível e o piso fica extremamente escorregadio.
Após percorrer os primeiros 30 km, aproximadamente, parei para descansar e até pensei em desistir do percurso até Prudue Bay. Tinham duas patrols, uma atrás da outra, removendo a terra da estrada, que um caminhão Pipa havia previamente molhado. Mesmo uns 20 km para frente das patrolas, o piso estava molhado, ou pelos caminões ou pela chuva. Nesse trecho tive que andar entre 15 a 20 km por hora e assim mesmo tendo que colocar os pés no chão para não cair.
Quando vi um casal numa Harley parados, parei também. Eles estavam pensando em desistir da viagem programada até o Círculo Ártico, devido a dificuldade inicial da estrada. Mesmo com pensamentos pessimistas, e medo, resolvemos seguir viagem. Parei muitas vezes depois e esse casal não me ultrapassou. Acho que eles desistiram.
Porém uns 20 km para frente a estrada permitiu que eu andasse a 80 km/h, mesmo sendo de terra. A terra batida estava melhor que muitos afaltos no Brasil. Mas como alegria de pobre dura pouco, começou a chover sem parar e tive que andar entre 40 e 60 km/h exigindo muito concentração e força nas mãos.
Daí para frente foi asfalto, com um agravante: de vez em quando ele acabava e virava terra novamente, assim sucessivamente, o que torna a estrada mais perigosa do que as outras anteriormente citadas.
Chegamos a Coldfoot às 20 hs e a chuva só deu um tempo para armarmos a barraca e despencou de novo. Dormi escutando a chuva bater na barraca. Com o cansaço acho que dormiria até debaixo dela.

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