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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

14/08/2011 - Domingo - Dia dos Pais - 113o dia










Dedico este Post aos meus filhos Marcelo, Murilo e Aline pelo contato e manifestações pela passagem do dias dos pais. Também, para pedir perdão por nunca ter sido o pas que um filho gostaria de ter.

Hoje comemora o dia dos pais no Brasil e foi a passagem mais fria da minha vida; em três sentidos: 1) passei muito frio na estrada, 2) o mais distante em espaço dos meus filhos e 3) o mais distante da amizade dos meus filhos.

Hoje as meditações na solidão do capacete foi fazendo uma retrospectiva da minha condição de pai. Comecei desde o nascimento do primeiro filho até o dia de hoje. O pior que o coração doeu o dia todo por chegar a seguinte conclusão: fui um péssimo pai.

O filme começa desde quando o Marcelo, meu mais velho, hoje com 33 anos, tinha 2 anos de idade. Não gosto nem de lembrar das chineladas que dava no garoto ainda nessa idade. Depois passa para idade escolar quando eu assumi a condição de cobrador e castigador. Enquanto a mãe entrava com o carinho, eu, lamentavelmente, entrava com o castigo; a mãe dava abraços e eu chineladas; a mãe dava os melhores presentes que eles queriam e eu proibia o uso dos mesmos em razão das notas baixas. Ao ver minha filha educar sua filhinha sem bater, meu coração dói de arrependimento.

Certa vez, jamais esquecerei, quando cheguei em casa do serviço as crianças vieram correndo me chamar para vê-las dar cambalhota em cima da cama. Nesse momento, inexplicavelmente, comecei a gritar com eles, acho que até tapas dei. Esse dia foi o marco para eu atacar e acabar com minha irritabilidade. Foi a partir desse dia que fiz a seguinte pergunta: “Sinomar! É desse jeito que você quer ser amigo dos seus filhos?”.  Mas vejo, hoje, que esse auto-questionamento não foi feito em outros aspéctos da nossa convivência.

Outra vez, o Murilo, o do meio, fazendo pirraça, ameaçou saltar do apartamento de onde morávamos. Eu, criminosamente, fui na cozinha, peguei uma cadeira, posicionei-a perto da janela, mandei-o subir e dei-lhe de cinto dizendo o seguinte: “pula! Você agora vai pular! Pula!”. A cada palavra minha era uma cintada. Sem ele pular, até hoje não esqueço, imaginem se ele tivesse pulado. Cor certeza, hoje estaria mais amargurado do que estou.

A Aline por ser a mais nova, me pegou bastante mudado. Mas mesmo assim, fui muito rigoroso com ela.

De positivo, vieram na minha cabeça apenas duas recordações: uma com a Aline, situação na qual me senti um “pai-heroi”, foi quando o Diretor do colégio onde ela estudava a 8a. Série, me chamou à instituição para me entregar sua transferência, alegando que ela e outras quatro adolescente não poderiam mais estudar naquela escola. Eu, de ímpeto, na presença da minha filha, retruquei, alegando que ela só sairia do colégio, antes de terminar o ano, com determinação do Juíz de Direito. Resultado: ela terminou o ano e, me proporcionou como prêmio, tornando-se uma aluna exemplar.

A segunda foi quando já tinha perdido todas as esperanças com o sucesso profissional do Marcelo e ele veio me pedir para pagar um curso de Programação de computador na linguagem Java. Eu neguei, mas depois de chorarmos juntos, paguei. Hoje é a profissão com a qual sustenta sua família.

Agora, depois de velho, minha avaliação foi pior ainda. Eu que sempre repeti a frase que “honestidade era obrigação e ética uma virtude”, quebrei uma ética e um princípio que norteia família brasileira e a nossa família também. Depois de dedicar 30 anos da minha vida ao lado deles, tomei a decisão de recomeçar minha vida, fora do lar onde os criara. Achava que para ser feliz tinha que viver de forma diferente o que seria incompatível com o antigo lar. É claro que quebrando esse princípio e tornando-me antitético nessa questão eu quebrei a confiança e admiração dos meus filhos. Principalmente porque causei sofrimento para a pessoa que elas mais amavam: sua mãe.

Para piorar, minhas reflexões  não foram positivas com relação às noras e genro. Nunca procurei a transformá-las em aliadas, conquistando suas simpatias. Eu que fui um exemplar cúmplice da minha sogra, negligenciei com as noras. Se tivesse agido diferente, talvez hoje pudesse, pelo menos, estar recebendo fotos da Sophie, minha neta, escondido do meu filho Marcelo.

Meu erro foi tratá-las como filhas ou amigos. Quando não concordo com atitudes delas falo como se estivesse falando com meus filhos. Filhos e amigos concorda ou discorda na presença; mas as noras e os genros se magoam.  Eu pensava que, casadas com meus filhos, tornaram-se minhas filhas também.

Portanto como meus filhos poderão gostar de um pai como este? Que na infância não foi bom; na adolescência ruim e depois de velho pior ainda, trazendo-lhes problemas e tristeza.

Nunca saiu da minha cabeça um slogan da Encicoplédia Barsa, mais ou menos assim: “O sucesso de um pai é avaliado pela cultura dos seus filhos”. Consegui esse resultado, porém, os meios utilizados não foram os adequados. A Enciclopédia não me deu essa orientação e a vida não é como as estradas. Estas, se a gente erra, pode voltar e retomar o caminho.


Quanto ao frio físico que passei hoje, foi demasiado forte. Pilotei aproximadamente 300 km entre duas serras com um rio ou lago no meio. Uma paisagem muito linda, porém uma chuva fria, também me acompanhou todo o dia. Vimos muitos bichos na estrada, mas a chuva impossibilitou

5 comentários:

  1. Valeu o desabafo Sinomar , mas o que tenho pra te falar é que , não se cobre tanto, voce fez o melhor , voce fez o que o seu entendimento de anos atrás exigia de voce, nada além disso , porém a vida vai nos moldando, nos flexibilizando.Aquele Sinomar de antes não existe mais, ele mudou ,amadureceu, encontrou outro entendimento da vida.Uma viagem como a que voce esta fazendo é acima de tudo uma viagem interior de muita profundidade, voce pode estar certo que voce esta voltando diferente, mais maduro, e esse sofrimento faz parte do crescimento.Tudo vai ficar melhor ,te desejo do fundo do coração,que voce volte em Paz e seja muito Feliz...Valeu Irmão....Forte Abraço

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  2. Vale a pena lembrar que nunca é tarde para voltar atrás. E existe um "remédinho mágico" pro seu problema: ele se chama diálogo. Tenho certeza que é isso que seus filhos, noras e até a mãe deles gostariam e no fundo do coração, ainda esperam de você. Sou uma "mãe recente", minha filha ainda tem pouco mais de 1 ano. Sou uma das mães que não batem, que educam na conversa (e sou desde já firme quando precisa) e tomo seu post como exemplo do que não fazer para que daqui alguns anos, quando fizer essa mesma reflexão, conseguir ver que independente do resultado eu fiz o meu melhor. No mais, boa viagem e que os próximos dia dos pais, seja melhor que este e quem sabe, junto dos seus filhos!!!

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  3. Ótimo desabafo amigo motocliclista Sinomar. Meus filhos são ainda novos, um com 16 anos e uma filhinha com 7 anos. Cuido deles sozinho, sou separado. Meu filho sempre foi meu maior companheiro e, sempre fui linha dura com ele, as vezes até muito e acabo sempre me percebendo nos excessos. Mas.. tenho muita vontade de mudar, ser mais relax com eles, para não me tornar evitado por eles um dia. Mas.. é como o Jacob disse aí acima, "É tudo aprendizado, com o tempo vamos moldando". A moto pra mim traz também muitos momentos de reflexão sob o capacete. Mas.. como disse a Mariana, "Há a possibilidade de voltar atrás" amenizar um pouco a culpa pelo menos. Siga em frente amigo!! Boa sorte!!
    Abraço!!!
    Format
    Alcateia-MC

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  4. Ola Sinomar!
    A sua reflexão do dia dos pais apesar do seu ressentimento não deixa de ser uma lição para aqueles que ainda não conseguiram chegar onde você chegou, ou seja, na sua consciência. Lembre-se que existe algo de bom nisso tudo; o amor verdadeiro que você tem pelos seus filhos. Talvez na época por falta de maturidade emocional você se colocou como você mesmo diz: castigador e cobrador, acredito que estas atitudes eram na intenção de resguardar seus filhos e não atacá-los, talvez na ânsia de torná-los cidadãos íntegros e corretos e veja que não foi em vão , haja visto que são pessoas de caráter ilibado tal qual você é. Erros, todos nos cometemos mesmo que não possamos voltar atrás, porém devemos contar com o perdão daqueles que também têm o dever nos perdoar ao analisar sua consciência... Procurarem ponderar com humildade. Acredito quando você estimulou seu filho a pular... Estava o encorajando a tomar decisões... Ele não pulou graças a Deus mas ficou a lição, quem tirou proveito, não se sabe, mas creio que nada foi em vão. Sinomar, quem não tem uma historia de fracasso e tristeza pra contar? Precisamos repassar sempre por estas lembranças. a fim de nos moldar e nos lapidar. Você refletiu, que bom. Seja feliz porque seu coração é bom e sua alma é nobre. Deus conhece você. Mas segundo Chico Xavier “Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.
    Até mais meu amigo.
    valtersanta@gmail.com

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  5. Realmente não queria estar na tua pele nesse dia amigo....
    qdo chegar faça realmente um diálogo com todos exponha teu problema e procure junto com eles uma soluçao, para tudo dar-se um jeito na vida...
    mas sáiba q vc não teve nunk uma intensão de maldade com os filhos e sim de educá-los e aquele caminho como educador q vc seguiu na tua época vc achava o melhor... com certeza teus filhos são pessoas de valores e tem a cabeça aberta para entender esse epsódio da tua vida,
    abraços

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