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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

11/01/2012 - Quinta-feira - 264o. dia - Santana - Macapá


Depois de dar um giro pelo centro de Macapá, por sinal, o pior asfalto para motociclista da viagem, rumamos para Santana. Os caras não capricham nos remendos do asfalto, de forma que, passear pela cidade, em uma moto Custon, deixa de ser prazer para se tornar sacrifício.
Santana é uma cidade portuária, próxima de Macapá, de onde partem os “barcos ônibus” para as diversas cidades do norte. Na primeira agência de venda de passagem descobrimos que tinha um navio que saia às 17 hs. Fomos em outras para comparar os preços mas fechamos com a primeira. Fechamos R$ 200,00 para a Celestina e R$ 150 para cada um. Compramos para a sala VIP e a coitada da Celestina veio no meio do povão e o navio foi O Almirante do Mar.
Acho que não dou conta de descrever a sensação do embarque. Penso que a imagem que mais se aproxima, é a cena de embarque do Titanic. Mas tenho em mente outras cenas de embarques mas não sei dizer o filme. Aqueles navios que saiam da Espanha ou Londres rumo ao oriente ou às Américas.
O Almirante do Mar chega de Belém e retorna no mesmo dia. Enquanto as pessoas que desembarcam aguardam a retirada de suas enormes bagagens; inclusive algumas mudanças; outras centenas de pessoas entravam. Muitos acompanhantes entram no navio para dar o “ultimo Adeus” aos seus queridos. Enquanto grande quantidade de mercadorias vão sendo amontoadas do lado de fora do navio, outra quantidade muito maior vão saindo e sendo amontoada ao lado. De forma que vira uma confusão danada. Pessoas e mercadorias saindo e entrando. Estivadores gritando entre eles e para os pedestres.
Apesar de chegar para embarcar às 15 horas, mandaram eu esperar o embarque e o desembarque das mercadorias e só fui embarcar a Celestina por volta das 17 hs. Enquanto isso o navio enchia de gente. O navio só partiria por volta das 18:30.
Quando me autorizaram a entrar, pensei: “que jeito! Não cabe mais ninguém nesse navio. Que jeito vou andar com a Celestina lá dentro? “. Mesmo assim fui seguindo o estivador meu orientador; peguei uma rampa de madeira que era compartilhada com pessoas. O estivador ia gritando para as pessoas afastarem, muitas vezes empurrando e eu ia o seguindo.
A impressão que ficou após estacionar a moto foi que aqueles, aproximadamente, 15 metros foram a distância mais longa percorridos da minha viagem. O pneu da moto quase passava sobre os pés de adultos e crianças; tinha que abaixar a cabeça para não ser enforcado pelas redes já estendidas. Quando a roda dianteira entra no navio começa o primeiro sacrifício de manobragem. Tinha que manobrar de forma que ela entrasse para a esquerda, próximo da lateral e sem deixar o pneu traseiro despencar no rio. Depois caminhei em linha reta até chegar ao local da manobra para o lado direito. Outro sacrifício. Depois teria mais outra manobra para levar a Celestina até à popa do navio. Mas o mata cachorro não coube. De forma que me mandaram seguir, manobrar a Direita e estacionar na borda esquerda do navio.
O local que ela ficou era o corredor para se chegar até o banheiro. Com a Celestina ali, todas as pessoas teriam que agachar para passar. Mas naquele tumulto todo, não dava para raciocinar. A nossa única ação foi ficar perto da Celestina até o navio partir. Logo apareceu o comandante do navio que implicou com o local de estacionamento. Posteriormente o homem que recebia os bilhetes na entrada nos procurou perguntando o quanto pagamos pela moto. Mostramos as passagens e ele exclamou que o valor tinha sido muito barato e me sequestrou todas as passagens. Após o navio partir o procurei e recuperei as nossas, mas a da Celestina não me foi devolvida.
O navio tem três convés, ou três andares. No primeiro, as passagens custam R$ 130, conta com chuveiros e banheiros; nesse andar ficam os camarotes da tripulação (funcionários). No segundo convés ficam a área VIP no valor de R$ 150, onde fiquei que conta co ar condicionado. Nesse andar tem duchas, banheiros e o restaurante; também os camarotes para passageiros. No terceiro é onde fica o bar e área de lazer.
Quando o navio partiu, deixamos a moto ali estorvando todo mundo e fomos procurar a área VIP. Quando descobrimos a área VIP levamos um choque. Não havia absolutamente um local para dormirmos. As redes ocupavam a parte aérea, as malas ocupavam o piso debaixo da redes e toda a lateral da sala. Em alguns lugares eram empilhadas.
Estava me esquecendo de contar: com exceção das pessoas dos camarotes, éramos os únicos passageiros do navio que não tinha rede para dormir.
Quando chegamos para embarcar e a Edivânia viu aquela bagunça percebi que o sangue sumiu do seu rosto. Ela não disse nada, mas dava para perceber que estava com vontade de sair correndo. Quando ela viu a sala onde dormiríamos aconteceu a mesma coisa; só fez uma pergunta: “como dormiremos?” e respondi: “igual galinha: em pé. Apóia-se numa perna e encolhe-se a outra,  assim altaternadamente”.
Para sair daquele estado de choque a convidei para acabar de conhecer o navio. Chegando na área de lazer onde um DJ animava o ambiente com músicas da região. Sentamos por ali, por volta das 19:30 e só saímos as 22:30 quando encerraram o barulho. Esse Dj depois se transformou em cantor e logo convidou as pessoas para dançarem. Não demorou estávamos fazendo sucesso com nossos passos de dança. Fomos elogiados insistentemente pelo cantor.
Saímos do bar e fomos direto para onde a Celestina estava para providenciarmos um banho. Tiramos nossa roupa de motociclista e botas no banheiro do piso um, mas fomos tomar banho na nossa área. Quando subimos levamos os colchonetes e travesseiros que foram encostado num minúsculo espaço vago.
Após o banho recomendei para a Edivânia: “previna-se que nossa noite não vai ser nada fácil”. Pedi a ela que escolhesse o local da parede que queria dormir, quando ela perguntou: “de que jeito?” e eu respondi: “escolha o local que eu te darei as condições necessárias! “. Ela deu uma volta e me apontou o local que seria melhor e onde existiam diversas malas. Então como todos estavam dormindo, comecei a amontoar malas e desocupar o local e assim deitamos cabeça com cabeça na lateral do navio.
Com vinte minutos fui até a Celestina para buscar a jaquetas porque o frio do ar condicionado era muito forte. Com mais 20 minutos fui buscar as calças de motociclistas e as meias, porque não conseguíamos dormir por causa do frio.


4 comentários:

  1. sensacional a descrição ....Sinomar essa viagem de barco, voce terá muitas estórias...ehehhhe....valeu ...força...tá chegando...abraço

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  2. Chefe, estou amando a sua nada rotina de viagem, e me lembrando de muitas coisas q vc me falava naquela epoca.... as besteiras tambem...... hehehe ... como estou solteira agora, ja estou pensando que o proximo marido que terei tem que ser motociclista!!!! hahahahaha quero tb uma aventura "quase" igual a esta..... amanha volto aqui pra ler mais... dedique ai um post pra mim ta bom... bjao!!!! e bom retorno com Deus.

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  3. Grande Mestre das estradas, esta descrição da soneca da galinha foi a campeã de hoje, (galinha bailarina) ...mais uma das suas pérolas literárias. rsrs. Cara, que muvuca essa parada do barco. Coisa de louco. Sucesso na volta grande bro das estradas, estamos lhe esperando ali na 153.

    Abraço!!!
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  4. Muito legal, e alem de tudo Sinomar, você se expressa muito bem, cheguei ate a me ver nesse navio enquanto lia o seu relato, parabéns irmão, um forte abraço e congratulações motociclísticas.
    Marcio,Vulgo Agnóstico Desnorteados Moto Clube - Goiânia GO
    marcioalvesxp@gmail.com

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