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sábado, 12 de novembro de 2011

11/11/2011 - sexta-feira - 203o dia


 
Hoje o dia foi bem interessante. Conforme postado anteriormente, tinha que ir até ã capital do Panamá para resolver o novo impasse quanto aos raios da Celestina.

Coloquei o despertador para as 4:30, mas acordei antes com uma chuva tão forte que resolvi ficar na cama mais um pouco. Como o ônibus de Portobelo a Colon passa de hora em hora, resolvi esperar o próximo.

Mas em meia hora a chuva não diminuiu, então alguém dentro de mim disse: “Sinomar! vamos à luta! Se você temer chuva não vai resolver nada nesse país! Pegue aquele macacão contra chuva que você tem, calce a bota impermeável e pegue a estrada!”. É claro que eu obedeci.

Levantei preparei o leite com chocolate e o pão com manteiga. Depois com desculpa de ver se a chuva maneirava, ainda preparei um café preto que tomei vagarosamente, tentando enganar aquele que a poucos minutos tinha dado uma ordem severa para eu sair da cama.

Vesti o macacão novinho; nunca o tinha usado. É que me preparei tanto para a chuva do Alaska e nem precisei de tudo. O macacão foi construido para os motociclistas e é muito forte; tem até forro interno para absorver a transpiração e não deixá-lo pregar na pele. Também me custou U$ 70. Foi a capa e chuva mais cara que já vi.

Devidamente protegido com bota e macacão impermeáveis enfrentei a chuva. Foi até legal. É muito bom você enfrentar a natureza e não sofrer as consequencias dela. É como se fosse uma vingança ou um superpoder. Mas curti pouco meus poderes porque o ônibus logo chegou. Dentro dele tinham apenas umas seis pessoas e uma música caribenha muito alta; para não deixar o “nego”dormir. Mas mesmo assim tinha alguém dormindo.

Me posicionei na janela do lado que eu podia ir vendo o mar, apesar da chuva e do escuro da noite que teimava em não ir embora. Nesse momento bateu uma sensação gostosa; uma vontade filosofar, que não sei de onde saiu. Uma das coisas que me inspirou foi a observação da chegada dos córregos e rios ao mar, me levou a fazer uma analogia com o ser humano.

O pequeno rio chega tímido ao mar. O mar, revoltoso, ataca-o ferozmente e ele se encolhe, não sei se com medo, com paciência ou para fazer-se forte. Porque ele engrossa e fica mais alto. Acho que é por paciência. Então quando o mar descuida um pouquinho ele entra e desaparece,voltando a se afinar novamente.

O grande rio sofre o mesmo processo do pequeno; o mar não teme o grande rio. Mas aí fiquei pensando: antes de chegar aqui esse rio era todo poderoso; supria de alimentos os ribeirinhos; servia de meio de transporte; impunha limites e até matava as pessoas. Agora estava ali se submentendo à vontade e à fúria do mar.

Então concluí: “assim como o rio, não precisamos de medo do poderoso e nem sentirmos tão poderoso a ponto de esquecer que existe alguém mais poderoso a nos impor seus limites”.

Sem chuva a cidade de Colon parece ter sofrido um bombardeiro aéreo, terrestre e marítimo de tão feia e desorganizada. Com chuva a tristeza é maior. Ver centenas de pessoas se protegendo da chuva como pode. As ruas inundadas e o lixo boiando por todo lado é deprimente.

Pensei que o ponto fianal do ônibus era no terminal e fiquei tranquilo. Quando percebi já tinha passado do local. Então apeei debaixo de chuva para voltar.

O povo daqui é preguiçoso demais para andar. Por qualquer distância eles pegam ônibus e taxi; talvez seja devido ao baixo preço das passagens. Tanto aqui ou na capital a passagem urbana custa U$ 0,25 e a partir de U$ 1,50 você pode andar de taxi. Então me e informaram que eu tinha que pegar onibus para voltar ao terminal. Assim o fiz e depois de uns 5 quarteirões estava no terminal.

Peguei um frescão para o Panamá que vai direto, via rodovia pedageada, com pouco movimento, e chega mais rápido, pagando U$ 2,75. Em Panamá pedi o cobrador para me deixar o mais próximo da Via Brasil que onde fica a empresa que eu ia.

Comecei a perguntar onde era a Via Brasil e todas as pessoas que mostrava o rumo e concluia que eu tinha que pegar um taxi pois era muito longe. Então eu perguntava: “mais de 3 km? “. E eles respondiam que era menos. De forma que fiz tudo que tinha que fazer à pé sem pegar onibus ou taxi. Eles assustam quando dispomos a andar seis ou sete quadras.

Voltando ao assunto dos raios. A empresa onde comprei os raios não colocou dificuldade nenhuma em cancelar o pedido. Depois de 16 dias eles nem tinha localizado as peças. Depois fui até onde deixei a roda para consertar que é uma oficina autorizada da Honda para ver se eu conseguia o código de concessão que a Honda do Brasil precisava para faturar a mercadoria.

Eles não quiseram me fornecer, mas ligaram numa concessionária para ver se conseguia. Aqui é dividido existe uma concessionária que vende motos novas cujo nome é Bahia Motos e uma outra que é terceirizada que é quem faz as manutenções preventivas e corretivas. A Bahia Motos também não quis fornecer o código, mas garantiu que conseguiria trazer os raios do Estados Unidos em dez dias.

Então sem o código e, considerando, que o preço tinha reduzido em U$ 72, valor que daria para eu pagar sete dias de estadia, resolvi fechar com eles e abortar o trabalho dos meus amigos do Brasil.

Na volta o ônibus que vinha de Colon para Portobelo fundiu o motor na metade do caminho. Acabei de chegar em casa na carroceria de uma camioneta junto com mais oito rapazes. Já era 21 horas e o cara corria muito. Considerando que as estradas são sinuosas e estreitas, passei um pouco de medo.


Um comentário:

  1. Mas que drama hein amigo!! Tudo isso porque a Honda, no mundo todo, dá prioridade para as motocicletas de baixa cilindrada....que são as que elas faturam mais....
    To torcendo por ti! Espero que esses raios cheguem logo e que a Celestina possa pegar a estrada de volta pra casa o mais rapido possível.
    Abração!

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